Hermenêutica filosófica...
"Quando nos fazemos entender falamos sempre bem." Molière
"Quando nos fazemos entender falamos sempre bem." Molière
Objetivos da aula interdisciplinar:
1) Reconhecer as características de um texto filosófico;
2) Aplicar os princípios do raciocínio lógico ao texto;
3) Reconhecer, no texto, raciocínios de analogia, indução e dedução;
4) Sintetizar, através de um texto através de um texto argumentativo, suas reflexões sobre o texto;
5) Praticar a reflexão filosófica.
Texto a ser interpretado e compreendido:
De forma que essas amizades [por utilidade] são
apenas acidentais, pois a pessoa amada não é amada por ser o homem que é, mas
porque proporciona algum bem ou prazer. (...) se uma das partes cessa de ser
agradável ou útil, a outra deixa de amá-la.
Os que são amigos por causa da utilidade
separam-se quando cessa a vantagem, porque não amavam um ao outro, mas apenas o
proveito.
Por conseguinte, quando o que se leva em mira é o
prazer ou a utilidade, até os maus podem ser amigos uns dos outros, ou os bons
podem ser amigos dos maus, ou aquele que não é bom nem mau pode ser amigo de
qualquer espécie de pessoa; mas por si mesmos, só os homens bons podem ser
amigos.
A
amizade entre os bons, e só ela, também é invunerável à calúnia, pois não damos
ouvidos facilmente às palavras de qualquer a respeito de um homem que durante
muito tempo submetemos à prova.
(...) a natureza parece acima de tudo evitar o
doloroso e buscar o agradável.
Mal
se pode dizer, no entanto que sejam amigos porque não passam os dias juntos nem se deleitam na companhia um do outro; e
estas são consideradas as maiores marcas da amizade.
Não se pode ser amigo de muitas pessoas no sentido
de ter com elas uma amizade perfeita, assim como não se pode amar muitas
pessoas ao mesmo tempo (pois o amor é, de certo modo, um excesso de sentimento
e está na sua natureza dirigir-se a uma pessoa só); (...) com vistas na
utilidade ou no prazer, é possível que muitas pessoas agradem a uma só, pois
muitas pessoas são úteis ou agradáveis, e tais serviços não exigem muito tempo.
A amizade que se baseia na utilidade é própria das
pessoas de espírito mercantil.
Já dissemos que o homem bom é ao mesmo tempo útil
e agradável; mas um tal homem não se torna amigo de quem lhe é superior em
posição, a menos que lhe seja superior também pela virtude;
(...) a amizade depende mais do amar do que ser
amado, e são os que amam os seus amigos que são louvados, o amar parece ser a
virtude característica dos amigos, de modo que só aqueles que amam na medida
justa são amigos duradouros, e só a amizade desses resiste ao tempo.
A amizade com vistas na utilidade parece ser a que
mais facilmente se forma entre contrários, como, por exemplo, entre pobre e
rico, entre ignorante e letrado; porque um homem ambiciona aquilo que lhe falta
e dá algo em troca.
(...)A
amizade entre marido e mulher por outro lado, é a mesma que se observa na aristocracia, já que está de acordo com a
virtude: o melhor recebe maior quinhão de bens e cada um recebe o que lhe
compete;
A amizade de irmãos é como a de camaradas,
porquanto são iguais e próximos uns dos outros pela idade; e tais pessoas, em
geral, assemelham-se nos sentimentos e no caráter. E também é semelhante a esta
a amizade apropriada ao governo timocrático; pois numa tal constituição o ideal
é serem os cidadãos iguais e eqüitativos, e por isso o governo é assumido por
turnos numa base de igualdade.
(...) embora nas tiranias mal existam a amizade e
a justiça, nas democracias elas têm uma existência mais plena, pois onde há
igualdade entre os cidadãos estes possuem muito em comum.
Entre marido e mulher a amizade parece existir por
natureza, pois a espécie humana se inclina naturalmente a formar casais - mais
do que a formar cidades, já que a família é anterior à cidade e mais necessária
do que esta, e a reprodução é comum ao homem e aos animais. (...) tanto a
utilidade como o prazer parecem ser encontrados nessa espécie de amizade. Pode
ela, no entanto, basear-se também na virtude, se as partes são boas; pois cada
uma possui a sua virtude própria, e ambas se deleitam nisso.
As queixas e censuras surgem unicamente ou
principalmente nas amizades que se baseiam na utilidade, e isso está conforme
ao que seria de esperar. Com efeito, os que são amigos com base na virtude
anseiam por fazer bem um ao outro (pois que isso é uma marca de virtude e de
amizade), e entre homens que emulam entre si nessas coisas não pode haver
queixas nem disputas. Ninguém é ofendido por um homem que o ama e lhe faz bem -
e, se é uma pessoa de nobres sentimentos, vinga-se fazendo bem ao outro. E o
homem que supera o outro nos serviços prestados não se queixará do seu amigo,
visto que obtém aquilo que tinha em vista: com efeito, cada um deles deseja o
que é bom Mas a amizade que se baseia na utilidade é repleta
de queixas; porquanto, como cada um se utiliza do outro em seu próprio
benefício, sempre querem lucrar na transação, e pensam que saíram prejudicados
e censuram seus amigos porque não recebem tudo o que “necessitam e merecem”.
(...) todos os homens ou a maioria deles desejam o
que é nobre mas escolhem o que é vantajoso; ora, é nobre fazer bem a um outro
sem visar a qualquer compensação, mas receber benefícios é que é vantajoso.
(...) de início devemos considerar o homem por
quem estamos sendo beneficiados e em que termos ele procede, a fim de aceitar o
benefício nesses termos, ou então recusá-lo.
(...) se a amizade é do tipo que visa à utilidade, certamente a vantagem para o
beneficiado é a medida, porquanto é ele quem solicita o serviço e o outro o
ajuda na suposição de que receberá o equivalente. Destarte, a ajuda foi
exatamente igual à vantagem do beneficiado, o qual, por conseguinte, deve
retribuir com o equivalente do que recebeu, ou mais (pois isso seria mais
nobre).
Nas amizades que se baseiam na virtude, por outro lado, não surgem queixas, mas o
propósito do benfeitor é uma espécie de medida; pois no propósito reside o elemento
essencial da virtude e do caráter. (g.m.)
(...) a maioria deseja receber benefícios mas
evita fazê-los, como coisa que não compensa.
Compreender texto
Tema
Tese
Problema filosofico
Movimento argumentativo
Neologismos ou palavras-chave
Segue a máxima:
"Mais vale compreender pouco do que compreender mal."France , Anatole
Compreender texto
Tema
Tese
Problema filosofico
Movimento argumentativo
Neologismos ou palavras-chave
Segue a máxima:
"Mais vale compreender pouco do que compreender mal."France , Anatole
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