quarta-feira, 12 de março de 2008

Papa lista novas formas de pecado social

Ter, 11 Mar, 09h55
A manipulação genética, a poluição ambiental, o uso de drogas e as desigualdades sociais estão na lista de "pecados modernos" que suscitam especial preocupação do Vaticano. As transgressões foram definidas como "sociais" e não devem ser confundidas com o elenco tradicional dos pecados capitais - gula, luxúria, avareza, ira, soberba, inveja e preguiça. Em entrevista ao jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano, publicada domingo, o bispo Gianfranco Girotti, membro da Penitenciaria Apostólica, tribunal da Cúria Romana que trata de questões de consciência, afirmou que as novas formas de pecado social são adaptadas à realidade da globalização.
Segundo o bispo, o maior perigo para a alma, hoje, é "o mundo desconhecido" da bioética: "Dentro da bioética há áreas onde devemos denunciar, sem qualquer espécie de dúvida, algumas violações dos direitos fundamentais do ser humano, nomeadamente algumas experiências de manipulação genética, cujo resultado é difícil de prever e controlar." Ele acrescentou que na área social, o principal perigo é o tráfico e o consumo de drogas. O bispo falou das injustiças sociais e econômicas como uma grande ofensa, destacando a desigualdade social em que ricos se tornam cada vez mais ricos e os pobres, mais pobres.
Girotti pediu uma maior consciência ambiental e colocou na lista de pecados as ofensas ecológicas. As recomendações seguem o discurso do papa Bento XVI, que tem apelado para a preservação do ambiente. Também de acordo com d. Girotti, o pecado deixou de ser apenas uma questão pessoal e passou a ter influência mais ampla dentro da sociedade. "Antes, o pecado tinha uma dimensão individual, hoje tem impacto social, principalmente por causa da globalização. A atenção ao pecado agora é mais urgente por causa dos reflexos maiores e mais destruidores que pode ter."
Valores
O professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Fernando Altemeyer Júnior, considera oportuna a lista. "Quando os pecados capitais foram sistematizados no século 6º, ninguém pensava que um dia teríamos a capacidade de destruir o planeta", afirma. Ele também acredita que a lista terá uma função eminentemente pedagógica. "O espírito não é punir: ninguém será excomungado. O debate é mais um convite para repensar os grandes valores." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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