quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O que é pensar?

Introdução

A palavra "pensar" deriva da palavra latina pensare, que significa pesar. Isto permite-nos compreender o que caracteriza os actos do pensamento (da razão):
Pensar é conhecer, o seja, é recolher dados acerca de algo, o que não deixa de poder ser encarado como um acto de avaliação, e aqui convém dizer que só conhecemos algo de novo, integrando-o no conjunto dos conhecimentos já adquiridos, o que remete para uma necessária ponderação dos elementos novos e da sua compatibilidade com os já adquiridos.
Pensar é, também, julgar, ou seja, é comparar objectos (conceitos), de forma a que possamos distinguir e relacionar, de uma forma pertinente, os elementos da nossa realidade, interna e externa.
Pensar é, igualmente, raciocinar, é, a partir da análise do que conhecemos, sermos capazes de descobrir novas relações entre os objectos do nosso conhecimento, ou novas qualidades do real, que não poderiam ser simplesmente conhecidas através da experiência sensível.
Vamos centrar-nos nestes três tópicos, o conhecer, o julgar e o raciocinar, se bem que o pensamento abarque um vastíssimo leque de actividades mentais e de operações lógicas.
Em primeiro lugar veremos que o pensamento obedece a regras formais, os princípios lógicos da razão, que são o fundamento da sua consistência. Depois veremos quais os elementos constitutivos do pensamento, bem como as actividades racionais que lhe servem de suporte. E, por fim, veremos que o pensamento, para ser verdadeiro, tem que ser válido e analisaremos, de forma sucinta, os fundamentos da sua validade.

Os Princípios Lógicos da Razão

1) Princípio da Identidade: A=A.
Cada objecto é igual a si próprio; Cada proposição é equivalente a si mesma.
2) Princípio da não-contradição: uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, de acordo com a mesma perspectiva; Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, de acordo com a mesma perspectiva.
3) Princípio do Terceiro Excluído: um indivíduo ou é ou não é, não há uma terceira hipótese; Uma proposição ou é verdadeira, ou é falsa, não há uma terceira possibilidade.

Solidariedade dos três princípios:

Estes três princípios podem ser considerados como três formulações de uma mesma lei geral do pensamento: os nossos pensamentos não devem conter contradições. As contradições são a base dos nossos erros lógicos.
A forma como os princípios estão formulados permite-nos identificar de uma forma mais fácil as inconsistências dos nossos pensamentos.

Elementos constitutivos do pensamento

Conceito - Os conceitos (ideias) são representações mentais da realidade.
A nossa razão, a partir da experiência, representa a realidade, através da abstracção: com base no conhecimento dos objectos, das suas características materiais, a razão reúne essas características numa representação mental que lhe permite, quer a referência à realidade, quer a aquisição de conhecimentos de um grau superior que, por sua vez, são a base de todos os actos complexos do pensamento.
Por exemplo, a partir do conhecimento das características materiais das mesas concretas, a nossa razão formula o conceito de mesa, que reúne as características comuns (essenciais) aos objectos que fazem parte do conjunto das mesas, permitindo-nos, assim, pensar acerca das propriedades das mesas, sem que estas estejam (ou tenham que estar) presentes na nossa experiência actual. Por isso, ao ouvirmos a palavra mesa associamos-lhe como significado o conceito de mesa previamente formulado. O mesmo se passa com os restantes conceitos adquiridos por abstracção.

Juízo - (À expressão lógica de um juízo chamamos proposição). Os juízos são actos do pensamento que consistem na relação de conceitos: a um conceito-base, a que chamamos sujeito (do juízo), atribuímos uma característica (ou um conjunto de características), a que chamamos predicado. Esta atribuição é feita através de um elemento de ligação a que chamamos cópula. Assim, os juízos têm a seguinte estrutura formal: SЄP. S é o sujeito, Є é a cópula e P é o predicado.
Os juízos podem ser afirmativos, quando a cópula é afirmativa ( x é y ), e negativos, quando a cópula é negativa ( x não é y ).
A estrutura formal de um juízo faz lembrar uma balança com dois pratos. Tal como o acto de pesar assenta na comparação entre um objecto e uma medida (o peso), assim também ao pensarmos, ao emitirmos juízos, estamos a comparar conceitos. (No caso dos juízos negativos, estamos a fazer uma disjunção, assente numa comparação).

Raciocínio - (À expressão lógica de um raciocínio chamamos argumento). Os raciocínios são relações entre juízos. pelo que podemos considerar que o raciocínio é uma operação racional que consiste na obtenção de um conhecimento novo (conclusão), a partir de conhecimentos previamente adquiridos (premissas), que não poderiam ser alcançados de outra forma com o mesmo grau de consistência.
Podemos dizer que, basicamente, adquirimos conhecimentos efectivos acerca da realidade a partir de duas vias: a experiência e a razão.
Os conhecimentos adquiridos pela experiência são particulares, pelo que nos dão informações precisas, mas insuficientes, acerca da estrutura da realidade. É que a realidade não é constituída apenas por objectos concretos, mas também por processos que não são imediatamente acessíveis através da experiência sensível. Por este motivo, os nossos conhecimentos podem, se exclusivamente baseados na experiência sensível, revelar-se ilusórios (aparentes) se não forem sujeitos, no mínimo a uma clarificação racional.
A razão permite-nos ir além dos dados imediatos da experiência sensível, de forma a descobrirmos as causas dos fenómenos que observamos (causas essas que não são identificáveis directamente), bem como as leis que regem os processos constitutivos da realidade. É deste modo que surge a ciência, como saber racional que visa explicar o funcionamento da realidade.
Para concluir, podemos afirmar que todos os actos do pensamento obedecem aos princípios lógicos da razão.

Fonte:http://www.geocities.com/paulo065/p.htm

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"Acredito sinceramente que somos o que pensamos, o que estudamos e o que nos propusemos a ser."