domingo, 4 de março de 2012

Você tem certeza da certeza?O que significa ter certeza? Leia e saiba mais...

AUTOR: REGIS JOLIVET

ART. III. O CRITÉRIO DA CERTEZA

§ 1. NATUREZA DO CRITÉRIO
1. Definição. — Chama-se critério o sinal graças ao qual se conhece uma coisa, distinguindo-se de todas as outras. Ora, já que opomos constantemente a verdade ao erro, dizendo "Isto é verdadeiro, isto é falso", devemos possuir algum sinal ou critério pelo qual nós reconhecemos a verdade. É este sinal que nós chamamos critério da verdade, e, como é por este sinal que devemos possuir a certeza, chama-se também, colocando-nos no ponto-de-vista, não mais do objeto que aparece, mas do espírito que conhece, o critério da certeza.
2. O critério supremo. — Distinguem-se os critérios particulares e um critério supremo e universal. Os primeiros são próprios a cada ordem de verdade: existem assim critérios histórico, matemático, moral etc. O critério supremo da verdade e da certeza, do qual, unicamente, nos ocuparemos aqui, é o sinal distintivo de toda espécie de verdade, aquele que não supõe nenhum outro, no qual todos os outros se subordinam e que constitui a razão derradeira de toda certeza.
§ 2. O Critério da Evidência
39 O critério supremo da verdade e a razão última de toda certeza é a evidência.
1. Natureza da evidência. — Definimos mais acima a evidência (32) como a plena clareza com a qual o verdadeiro se impõe à adesão da inteligência. Será suficiente para nós aqui explicar esta definição.
a) A evidência é o resplendor do verdadeiro. Ela é, aos olhou do espírito, enquanto ilumina os objetos do pensamento, o que o sol, iluminando os seres materiais, é, aos olhos do corpo.
b) É esta clareza que determina em nós a adesão, pois é da natureza da inteligência dar seu assentimento à verdade, dcsdo <|iin ela seja claramente percebida. A evidência exerce assim sobre o espírito uma espécie de coação, pela qual se torna impossível aquele que vê a verdade julgar que não a vê.
40 2. A evidência é o motivo supremo da certeza, Isto é, somente tudo o que é evidente é necessariamente verdadeiro, Q tudo o que ó verdadeiro é necessariamente evidente.
a) Tudo o que verdade é verdadeiro, É o que provam a natureza e os caracteres da evidencia.
Prova pela natureza da evidência. Com efeito, o critério da verdade é o que é ao mesmo tempo necessário e suficiente para que o espírito dê seu assentimento sem temor de erro. Ora, tal é a evidência do objeto: se ela é necessária, é também suficiente, enquanto se impuser ao espírito com uma tal clareza que a dúvida se torne impossível.
Prova pelos caracteres da evidência. A evidência é, com efeito: universal, isto é, ela é a marca de toda verdade certa, de qualquer maneira que tenha sido adquirida, em qualquer ordem que seja, e válida para todos os espíritos que a vejam; — irredutível, no sentido de que ela é absolutamente suficiente a si mesma, a ponto de todos os outros critérios de certeza, assim como os primeiros princípios da razão, o senso comum, o consentimento universal do gênero humano etc, extraírem por sua vez a sua certeza da evidência que lhe é inerente. A evidência é por si mesma a sua própria prova.
Resulta daí que não se pode provar a evidência. É suficiente mostrá-la, assim como não se exige argumento para provar que é dia em pleno-meio-dia: basta abrir os olhos. Segue-se ainda que toda demonstração consiste em fazer brilhar qualquer evidência aos olhos do espírito.
b) Tudo o que é verdadeiro, e apenas isto, é evidente. Dizer que tudo o que é verdadeiro é evidente, não é afirmar que, em relação a nós, todas as verdades sejam atualmente evidentes. O fato da existência dos estados de ignorância, de dúvida e de opinião mostra bem o contrário. Mas esta asserção significa que em si e de direito a verdade comporta a característica essencial de poder ser discernida do erro. Só a verdade goza do privilégio da evidência. Se é verdade que existem evidências ilusórias (alucinação, sonambulismo etc.) não passam de ilusões de evidência. Elas provêm de um estado psíquico anormal. Mas, no estado normal das faculdades sensíveis, intelectuais e morais, só a verdade pode impor-se a nós. Devemos, também, para nos premunir contra as evidências ilusórias, praticar uma higiene a um tempo física, intelectual e moral. É sob esta condição que, segundo a expressão de Bossuet, "o entendimento, purgado de seus vícios e verdadeiramente atento a seu objeto, não se enganará jamais".

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"Acredito sinceramente que somos o que pensamos, o que estudamos e o que nos propusemos a ser."