domingo, 31 de agosto de 2014

Civilização na obra de Freud

Civilização na obra de Freud

 A conceituação feita por Freud em sua obra diz que o desenvolvimento histórico da Civilização ocorre interligado ao desenvolvimento psíquico do Indivíduo. Para Freud a Civilização é uma conquista da humanidade, é o ponto máximo do desenvolvimento do Indivíduo. A ideia de Freud é do “desenvolvimento cultural como um processo peculiar, comparável à maturação normal do indivíduo” e coloca uma questão que também é basilar na construção de “O Processo Civilizador”, de Elias: “(...) perguntando-nos acerca das influências a que esta evolução cultural deve sua origem, como nasceu e o que determinou seu curso”. Em “O Mal Estar na Civilização” (FREUD, 1930), vemos no pensamento de Freud, que ele se baseia no paradigma antitético da relação entre Civilização e impulsos. A Civilização é posta nessa obra como uma manifestação direta das pulsões, é produto da vontade de Eros. Freud propõe a ideia de que a psique e o social são interligados em suas raízes, sendo o mundo social em si o resultado de suas
afinidades e a Civilização, o nível mais alto "psiquismo”. A Civilização é o resultado de um conflito entre a natureza humana e processo civilizatório. É baseada em renúncias. Desde seu nascimento, o sujeito, é habitado por exigências pulsionais, e na infância, a criança renuncia seus desejos, por meio do interdito do incesto. Na vida adulta deve renunciar aos seus desejos, pois eles se chocam com questões culturais da sociedade. A Repressão das pulsões não significa o fim dos desejos nos sujeitos. Não representa também que a negociação entre natureza e a cultura esteja encerrada. Esse conflito é permanente.
O processo civilizacional em Freud segue o caminho de uma coerção externa seguida de uma internalização da repressão às pulsões. Há em “O Mal-Estar na Civilização”, uma preocupação de Freud em relação à sociabilidade dos Individuos, pois existe uma “(...) hostilidade primária entre os homens”, estando então à sociedade “(...) permanentemente ameaçada de desintegração”.Os mecanismos civilizacionais e suas consequências são necessários, pois segundo Freud “todo indivíduo é virtualmente inimigo da civilização” e dessa forma “civilização, portanto, tem de ser defendida contra o indivíduo, e seus regulamentos, instituições e ordens dirigem-se a essa tarefa.”A “hostilidade entre os homens”, são representações da pulsão de morte e devem ser combatidas pelo processo civilizacional. Se olharmos numa perspectiva política, a própria ideia da formação do Estado é válida, haja vista que ele é quem, através de sua normatização e legislação inflige ao sujeito uma primeira coerção externa.O Estado, assim defende-se do caos ameaçador de seus membros. A necessidade gregária para a existência de cada Indivíduo faz com que esses criem normas e regras sociais e que essas evoluam a partir de um processo civilizacional baseado na repressão libidinal e que se desenvolveu em séculos, como nos mostra Elias, na sua Magnus Opum “O Processo
Civilizador”. Freud mostra que esse processo “é [...] especial que se desenrola na humanidade, e nós continuamos sob o influxo dessa ideia”Entendemos então que para Freud, a partir da sua segunda teoria das pulsões que a ordem social é vista como dominante na sua relação com a psique, e impõe seus próprios mecanismos de controle social sobre ela.
As medidas tomadas em prol da civilização, para Freud revelam a interação entre o social e a libido e que assumem a forma de “grupo de características que conhecemos como parcimônia, sentido da ordem e limpeza”A repressão à libido, à agressividade, e aos desejos é tão forte que passa de uma coerção externa para uma internalização das normas que acarretam essa repressão. Essa internalização, para Freud, ocorre com a formação do ‘Supereu’.
. A Civilização, para ter seus ideais respondidos, reprime,sublima, desejos instintivos e prazeres. A formação do Supereu resulta na internalização de um código moral civilizado. O supereu transforma aquilo que poderia prejudicar o processo civilizatório, em meios pró-civilização. Transforma o sujeito em social e moral, em sujeito civilizado. Seu desenvolvimento se torna parâmetro de avaliação do processo civilizacional. Quanto mais desenvolvido o Supereu, mais o sujeito é civilizado. Ele funciona de acordo com a sociedade em que está inserido. O Supereu é resultado de uma ordem social imposta à anarquia instintiva antissocial.
A inibição dessas pulsões tem duas consequências. A primeira, é que ela é basilar para a formação da Civilização. Já foi dito que a Civilização é resultado da repressão das pulsões, haja vista que elas não se encaixariam nos ideais da civilização. A segunda é que nem todos os sujeitos se adaptariam a isso, causando assim uma sensação de mal-estar, e o surgimento da doença nervosa.

Ler na integra:http://actacientifica.servicioit.cl/biblioteca/gt/GT31/GT31_IrisGiana_SaraivaPaiva.pdf

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