quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Para as turmas do 2 ano medio e 3 ano e cursinho do Galileu - ENEM 2014

Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à pós-modernidade
Helena Centeno Hintz *

Este texto aborda, inicialmente, alguns aspectos pertinentes às famílias no
século XX. A família do início desse século configurou-se com características de
hierarquia, sendo a figura masculina detentora do poder, apoiado no baluarte
econômico e no seu papel exercido na sociedade.
Na segunda metade do século, por influências sociais, políticas e
econômicas, a família passou por modificações acentuadas, contribuindo em
grande parte para isto o surgimento de uma nova perspectiva sobre as questões de
gênero. A condição feminina foi se modificando e, concomitantemente, houve
mudanças também no papel masculino, gerando reformulações na relação
conjugal e, naturalmente, na relação pais-filho

Já há algum tempo, tenho ouvido a afirmação que a família que
conhecemos, irá desaparecer.
Refletindo sobre esta afirmação, pergunto-me de que família estamos
falando?
O que, na verdade, pensamos que não existirá mais?
Analisando o que ocorre hoje, usamos como parâmetros o que aconteceu no
passado, e, revendo o passado, constatamos que sempre houve famílias, pessoas que,
de alguma forma estabeleceram vínculos importantes. que podemos chamar de
vínculos familiares.
O estabelecimento de vínculos é pertinente ao ser humano. A sua constitui-
ção iniciou há cerca de 4 milhões de anos e continuará por milhões de anos à frente.
Desta forma, o tema família está muito intimamente ligado à nossa vida quotidiana,
sendo por isso tão atraente e importante.
Para a compreensão do significado da família busca-se subsídios em várias
disciplinas tais como a psicologia, biologia, antropologia social, sociologia e
demografia. O indivíduo, como ser biopsicossocial, está inserido no meio ambiente,
fazendo parte da cultura com suas particularidades e modos de vincularidade,
portanto. a família, composta de indivíduos. tem que ser entendida dentro do contexto
cultural ao qual pertence.
A instituição familiar tem passado por várias modificações decorrentes de
mudanças havidas no seu contexto sócio-cultural e. por ser uma instituição flexível,
ela tem se adaptado às mais diversas formas de influências, tanto sociais e culturais
como psicológicas e biológicas, em diferentes épocas e lugares. Ao considerarmos a
evolução família no tempo, devemos considerar aspectos. tais como: demografia, vida
privada, papéis familiares, relações estado-família, lugar, parentesco, transmissão de
bens, ciclo vital da família e rituais de passagem.
Seja de que forma for, ampliada ou nuclear. elementar ou complexa, a
família foi e seguirá sendo família. sempre que forem preservadas suas funções:
vínculo matrimonial com o objetivo da satisfação sexual e a educação dos filhos.
Assim continua sendo o lugar de proteção, de socialização e de estabelecimento de
vínculos.

Alguns aspectos evolutivos da família 
 
Na análise evolutiva da família, verificamos que de uma estrutura de 
hierarquia, a família tende para uma estrutura de igualdade (Vaitsman, 1994). Esta 
modificação fundamentou-se, inicialmente, na questão do poder. Na família 
hierárquica, o homem detinha o poder de mando, controlando todos os membros da 
família, a qual apoiava-se no poder econômico daquele. À mulher cabia o espaço 
doméstico, onde exercia seu poder, mas permanecendo à sombra do dono da casa, 
senhor absoluto. Somente em 1943, segundo a legislação brasileira, a mulher casada 
passou a ter o direito de trabalhar fora de casa sem a necessidade da autorização do 
marido, desde que este não pudesse prover sua subsistência ou a de seus filhos. 
A sexualidade do casal era vivenciada de forma diferente, o homem tinha 
uma liberdade sexual ampla e estimulada. enquanto a mulher devia manter-se fiel ao 
marido. Até há pouco tempo, as mulheres não tinham autonomia. No início do século 
XX, era freqüente as mulheres serem analfabetas, tendo adquirido direito ao voto em 
1934. Em 1960, a mulher era considerada relativamente capaz e somente em 1962, o 
Estatuto da Mulher no Brasil tirou a mulher desta condição (Guimarães, 2001, 
informação oral). 
Os valores familiares estavam fundamentados no desempenho profissional 
do homem, na parte econômica e nas qualidades morais. O indivíduo era considerado 
em relação aos êxitos que sua família conquistava, centrando-se nesta o foco das 
atenções. 
Nas famílias hierarquizadas. havia um posicionamento distante nas relações 
entre pais e filhos, mantido por ambas as gerações, justamente para se firmar a 
hierarquia entre os membros da família. Os assuntos familiares importantes eram 
tratados entre os pais sem a presença dos filhos. A aproximação física como 
manifestação de afeto era resguardada e contida. A aproximação constava de rituais 
formais e distantes, para confirmar o respeito dos filhos pela posição dos pais. 
Após as duas guerras mundiais e a revolução industrial, a família, nas 
décadas de 50 e 60, passou por modificações acentuadas. Houve um maior incentivo 
em privilegiar mais o indivíduo, com seus valores e capacidades do que sua posição 
social, gênero ou idade. A família de características hierarquizadas foi se estruturando 
como uma família onde os conceitos de igualdade passaram a predominar, 
contribuindo para isso o surgimento de uma nova perspectiva sobre as questões de 
gênero. A família moderna após a industrialização, passou a ter maiores possibilidades 
de se constituir através da livre escolha dos cônjuges fundamentada no amor conjugal. 
Passou-se a dar mais importância à realização pessoal na união conjugal, tendo o 
afeto, muitas vezes, o poder de direcionar as decisões pessoais. 

ler na integra:http://www.susepe.rs.gov.br/upload/1363010551_hintz_novos_tempos,_novas_fam%C3%ADlias_-_complementar_8_abril.pdf


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