sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Questões

31. Os termos "estética" e "filosofia da arte" têm sido usados no vocabulário filosófico para designar ora uma e mesma área de investigação, ora áreas distintas em seus domínios teóricos. Sobre o uso desses termos na literatura filosófica, podemos afirmar que 
I. "o termo "estética" foi introduzido na filosofia por Alexander Baumgarten no Séc. XVIII para designar a disciplina filosófica que trata do conhecimento sensorial como distinto do conhecimento racional. Como as obras de arte e as belezas naturais se prestam como os melhores exemplos de objetos do conhecimento sensorial, outros filósofos se apropriaram dessa ideia e definiram a estética como o estudo da beleza. Com isso, estética e filosofia da arte durante muitos séculos não se distinguiam". 
II. "a reflexão filosófica sobre a arte remonta a Platão e a Aristóteles. Em Platão essa reflexão sobre a arte se coloca como autônoma em relação à beleza, esta última se colocando mais no campo ético que no estético; já em Aristóteles não encontramos uma teoria da beleza, mas sim uma teoria da arte. Nesse sentido, podemos ver que a filosofia da arte e a reflexão sobre a beleza nasceram separadas". 
III. "embora a estética e a filosofia da arte sejam disciplinas distintas, elas se interseccionam, pois alguns elementos da classe dos objetos estéticos pertencem também à classe dos objetos artísticos. Essa é a perspectiva mais comum entre filósofos, hoje, ainda que haja compreensões diferenciadas entre eles quanto ao grau de intersecção dos dois domínios teóricos". 
IV. "na filosofia do Séc. XX muitos filósofos operam com uma clara distinção teórica entre o domínio da estética e da filosofia da arte, pois não faria sentido falar-se de beleza em arte dado o fato de que grande parte da arte moderna não se preocupa com a beleza e nem é bela. Para alguns deles, arte e beleza são assuntos distintos porque nenhum elemento da classe dos objetos estéticos faz parte da classe dos objetos artísticos. Essa perspectiva é a que tem menos defensores no âmbito da reflexão sobre a arte e a beleza". 
V. "a filosofia da arte é uma subdisciplina da estética, pois a classe dos objetos estéticos não só é mais ampla que a classe dos objetos artísticos, como a inclui totalmente. As obras de arte, bem como muitos outros objetos e paisagens naturais são objetos de apreciação estética, por conseguinte, filosofia da arte e estética não podem ser situados como domínios teóricos substancialmente distintos." 
Marque a alternativa CORRETA que corresponde a uma caracterização adequada dos usos dos termos "estética" e "filosofia da arte" na literatura filosófica. 
a) Todas as afirmações são verdadeiras. 
b) São verdadeiras apenas as afirmações I, II, III e IV. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) São falsas apenas as afirmações II, III e V. 
e) São falsas apenas as afirmações I e II. 

32. Marque a alternativa que NÃO podemos considerar como relacionada à ética aplicada. 
a) "A ética aplicada consiste centralmente na aplicação mais ou menos sistemática de uma teoria moral a problemas morais específicos". 
b) "O campo da ética aplicada atualmente estendeu-se da ética médica para o desenvolvimento de novos campos de exame da conduta e das instituições, como a ética empresarial, ética computacional, ética ambiental, ética de gênero, ética jornalística, ética reprodutiva, dentre outros". 
c) "A ética aplicada tem como preocupação central verificar se os valores e exigências morais são características do mundo ou produtos da preferência e do compromisso dos seres humanos aplicados às ações". 
d) "A ética aplicada emergiu como uma resposta ao distanciamento crônico da metaética, na primeira metade do séc. XX, em relação ao pensamento moral efetivo, à necessidade de posicionar-se sobre os valores fundamentais e a base da conduta". 
e) "A ética aplicada ou prática é a parte da ética normativa que se ocupa de questões morais específicas com relevância prática manifesta. Frequentemente é apresentada como uma terceira área principal da ética filosófica". 

33. Sobre o liberalismo, importante filosofia política que ainda orienta hoje a vida de muitos governos e Estados nacionais, podemos afirmar que 
I. "na perspectiva liberal, o exercício do poder do Estado com fins positivos, tais como a atenuação de desvantagens sociais através de programas de segurança social, constitui uma infração aos direitos dos outros ("os impostos são trabalhos forçados")". 
II. "o liberalismo é uma tradição política que tem a democracia ateniense como sua expressão clássica do que é a participação política do cidadão". 
III. "alguns filósofos liberais contemporâneos interpretam os direitos individuais numa sociedade genuinamente pluralista, sem recorrer a qualquer visão substantiva do que seja o bem humano, ou seja, delimitam uma ordem política sem teleologias substantivas, na qual a autodeterminação dos agentes individuais possa realizar-se livremente". 
IV. "o termo "liberal" na filosofia política diz respeito a uma perspectiva política que defende a maximização dos direitos individuais, especialmente os relacionados ao funcionamento do livre mercado, e a minimalização do papel do Estado na vida social, econômica e política". 
V. "o liberalismo é uma filosofia política que nasceu como bandeira da nascente burguesia europeia em resposta ao absolutismo dos reis e príncipes". 
Marque a alternativa CORRETA concernente à caracterização da filosofia política do liberalismo nas afirmações citadas. 
a) Todas as afirmações são verdadeiras. 
b) São verdadeiras apenas as afirmações I, II, III e IV. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) São falsas apenas as afirmações II, III e V. 
e) São falsas apenas as afirmações I e II. 

34. Marque a alternativa que NÃO é pertinente à filosofia política contemporânea comumente caracterizada como "comunitarismo" na literatura filosófica. 
a) "Para o comunitarismo, todo indivíduo possui uma pertença ético-política que o liga a outros e o constitui individualmente. Onde os liberais veem a sociedade composta de indivíduos abstratos, os críticos comunitaristas situam os indivíduos em um contexto social e histórico, responsáveis para com as comunidades que se mantêm juntas pelos valores comuns e pelos ideais de uma vida humana boa". 
b) "O valor fundamental do comunitarismo é a liberdade política, compreendida como não-dominação ou independência do poder arbitrário. Essa tradição política está especialmente associada hoje aos trabalhos de Quentin Skinner e Philip Pettit". 
c) "O comunitarismo é uma filosofia pós-liberal, pois que se desenvolveu no interior das práticas democráticas estabelecidas pela tradição liberal, e emergiu exatamente pelo fracasso da cultura liberal em garantir a sobrevivência de valores comunitários, tornando, assim, necessário propor um corretivo. Daí ser muito característico do comunitarismo ter frequentemente uma retórica negativa, reativa à filosofia liberal, se alimentando dos defeitos e excessos desta". 
d) "O comunitarismo emergiu nos países liberais avançados anglo-saxões durante os anos 80 como crítica à tradição liberal no campo da ética e da filosofia política, mais especificamente como resposta à renovação dessa tradição por John Rawls nos anos 70 com seu A Theory of Justice (1972), e ao projeto deste de interpretar os direitos individuais numa sociedade genuinamente pluralista, sem recorrer a qualquer visão metafísica do que seja o bem humano". 
e) "O ponto de partida do comunitarismo é o diagnóstico dos males produzidos pelo liberalismo no âmbito da vida social e política e sua incapacidade de lidar com os mesmos. A herança liberal é um mundo social que se caracteriza pela alienação dos processos políticos, desenraizamento dos indivíduos, ganância desmesurada, dissolução da família e todos os outros fenômenos relacionados ao centramento no Eu e ao distanciar-se das comunidades nas sociedades ocidentais contemporâneas". 

35. Sobre o problema mente/corpo na filosofia da mente, podemos afirmar que 
I. "fisicalismo é a corrente em filosofia da mente que reduz os estados mentais a eventos físicos, ou seja, os estados mentais não podem ser concebidos como entidades independentes de estados físicos". 
II. "funcionalismo é a corrente em filosofia da mente segundo a qual os estados mentais são funções biológicas coordenadas dos organismos conscientes, por meio dos quais eles obtêm evolução e sucesso genético". 
III. "as filosofias da mente dominantes na tradição ocidental de hoje são, em geral, variações teóricas do fisicalismo e do funcionalismo". 
IV. "a filosofia da mente tem como objetivo responder a questões como: a mente é distinta da matéria? É possível definir o que é ser consciente?" 
V. "o que é o pensamento, o sentimento, a experiência, a memória? As funções mentais podem ser divididas, separando-se a memória da inteligência ou elas formam um todo integrado? Estas são questões importantes concernentes ao problema mente/corpo". 
Marque a alternativa CORRETA no que concerne ao problema mente/corpo na filosofia da mente. 
a) Todas as afirmações são verdadeiras. 
b) São verdadeiras apenas as afirmações I, II, III e V. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) É falsa apenas a afirmação II. 
e) É falsa apenas a afirmação III. 

36. Sobre o republicanismo, podemos afirmar que 
I. "a tradição republicana colocou a ênfase na necessidade da participação a ponto de "idiota" (idiotes) ser o adjetivo para os cidadãos atenienses que não cumpriam suas obrigações cívicas".
II. "o humanismo cívico em Hanna Arendt, por exemplo, considera a polis como a esfera em que a liberdade se materializa na realidade". 
III. "o republicanismo cívico define a participação política como um dever não enquanto um valor intrínseco, mas porque sem cidadãos informados e atentos, com capacidade de influenciar e contestar as decisões políticas, o processo político será controlado por quem possui recursos econômicos, políticos e midiáticos, impondo, ao final, seus interesses privados e não o interesse público". 
IV. "o republicanismo concebe a participação política apenas como um direito, na medida em que alguns cidadãos podem realizar-se na militância política, mas alguns outros podem encontrar realização em esferas privadas como o trabalho e a família". 
V. "Rawls considerava que sua teoria da justiça como equidade era consistente com o republicanismo cívico porque sem uma participação política generalizada na política democrática por parte de um corpo vigoroso e informado de cidadãos, mesmo as instituições democráticas mais bem desenhadas terminam por cair nas mãos de quem tem fome de poder e de glória militar ou de quem persegue interesses econômicos restritos e de classe". 
Marque a alternativa CORRETA concernente a uma caracterização da tradição política republicana. 
a) Todas as afirmações são verdadeiras. 
b) São verdadeiras apenas as afirmações I, II e V. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) É falsa apenas a afirmação V. 
e) É falsa apenas a afirmação IV. 

37. Marque a alternativa FALSA sobre o positivismo e o neopositivismo como tradição filosófica no âmbito da epistemologia. 
a) "O empirismo lógico ou neopositivismo é uma teoria do conhecimento que se desenvolveu como crítica radical ao positivismo de Auguste Comte, negando a este último a tese de que a única forma de conhecimento é a descrição de fenômenos empíricos". 
b) "O positivismo surgiu como resposta ao problema das tendências idealistas e céticas que o empirismo tradicional costuma atrair em seu âmbito. No Séc. XIX o positivismo associou-se também à teoria evolucionista, bem como a qualquer perspectiva que representasse um tratamento naturalista das atividades humanas". 
c) "O positivismo de Auguste Comte afirmava uma crença e um otimismo no alcance da ciência como a mais elevada forma de conhecimento e nos benefícios de uma sociologia verdadeiramente científica". 
d) "Os filósofos neopositivistas do Círculo de Viena tinham como interesse central a unidade da ciência e o delineamento correto do método científico. A tarefa da filosofia da ciência tornou-se, assim, a análise da estrutura das teorias e da linguagem científica". 
e) "A doutrina mais característica do empirismo lógico ou neopositivismo era o princípio da verificação ou a negação de significado literal ou cognitivo a qualquer proposição que não fosse verificável". 

38. Sobre o debate entre Karl Popper e Thomas Kuhn em torno do problema da demarcação da ciência, podemos considerar: 
I. "a pretensão de Popper é destruir a tentativa tradicional de fundamentar o método cientifico a partir das experiências que dão suporte indutivo às generalizações e às teorias adequadamente construídas". 
II. "segundo Popper, a ciência se caracteriza por ter como ponto de partida a formação arrojada e imaginativa de hipóteses, as quais enfrentam o tribunal da experiência. Este tem o poder de falsificar as hipóteses, mas não de confirmá-las". 
III. "Kuhn assume o falseacionismo epistemológico, ou seja, a tese de que toda proposição científica é passível de verificação empírica, portanto, sujeita ao falseamento. Com isso, toda a demarcação da ciência se dá pelo recorte entre proposições verificáveis ou não a partir dos paradigmas". 
IV. "a filosofia da ciência de Kuhn afirma que o trabalho científico se dá a partir de paradigmas, ou seja, estruturas teóricas definidoras de objetos, métodos e processos cognitivos válidos para o tratamento dos eventos empíricos". 
V. "a epistemologia kuhniana envolve uma defesa radical do relativismo, pois nega a existência de dados empíricos universais e válidos como elementos de recurso último para escolha de teorias. Para ele, teorias tão diferentes como a da relatividade de Einstein e a física aristotélica tem o mesmo valor cognitivo ainda hoje". 
Marque a alternativa CORRETA concernente a uma caracterização adequada das posições constitutivas do debate entre Popper e Kuhn sobre a ciência. 
a) Todas as afirmações são verdadeiras. 
b) Todas as afirmações são falsas. 
c) São falsas apenas as afirmações III e V. 
d) São verdadeiras apenas as afirmações II, III e IV. 
e) É falsa apenas a afirmação V. 

39. Sobre a teoria da verdade como correspondência, marque a alternativa que concerne às posições teóricas contidas nessa teoria. 
a) "Uma tese central da teoria da verdade como correspondência é de que não temos acesso aos fatos do mundo independentemente das afirmações e crenças que mantemos. Daí porque ser necessário verificarmos sua correspondência". 
b) "Uma teoria da verdade como correspondência é a perspectiva segundo a qual a verdade consiste na correspondência de nossas crenças e proposições com os fatos do mundo". 
c) "A verdade de uma proposição pode ser definida em termos da utilidade que existe em aceitá-la, ou seja, em sua capacidade de corresponder à adaptação evolutiva bem sucedida". 
d) "Expressões da forma "S é verdadeira" significam o mesmo que expressões da forma S. Há correspondência entre elas na medida em que tanto faz dizer a frase "os cães ladram" é verdadeira como dizer que os cães ladram". 
e) "Se proporcionarmos uma definição de verdade para uma dada linguagem, obteremos uma caracterização suficiente do seu conceito de verdade. Com isso não há mais necessidade de escrever qualquer coisa sobre a verdade em si ou sobre a verdade enquanto compartilhada por várias linguagens. Vale como verdade o que corresponde a essa definição dada". 

40. Sobre a teoria da verdade como coerência, podemos afirmar: 
I. "é a teoria de que a verdade de uma proposição consiste em pertencer a certo conjunto apropriadamente definido de outras proposições: um conjunto consistente, coerente e possivelmente dotado ainda de outras virtudes, desde que não definidas em termos de verdade". 
II. "dois pontos fortes da teoria da verdade como coerência são: (a) que testamos as crenças quanto à sua verdade sempre à luz de outras crenças (dentre as quais crenças perceptivas); (b) não podemos sair do nosso melhor sistema de crenças para vermos como ele se sai em termos de sua correspondência com o mundo". 
III. "para um defensor da teoria da coerência pura, a experiência é relevante apenas como fonte de crenças perceptivas, que assumem o seu lugar como parte do conjunto coerente ou incoerente de crenças". 
IV. "os críticos da teoria da verdade como coerência sustentam que ela termina por não fazer jus à nossa ideia de que a experiência tem um papel relevante no controle dos nossos sistemas de crenças, uma vez que não incluem uma noção de verdade adequada ao modo como os sistemas reais de crenças são suportados por pessoas com experiências perceptivas produzidas pelo meio ambiente". 
Marque a alternativa CORRETA em relação às afirmações acima. 
a) São falsas apenas as afirmações I e II. 
b) É falsa apenas a afirmação IV. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações II e III. 

41. Na teoria do conhecimento, uma questão importante é o problema da existência do conhecimento a priori. Sobre esse tema que tem dividido empiristas e racionalistas, podemos afirmar que 
I. "o problema que a existência do conhecimento a priori coloca é: como é possível conhecer verdades acerca do mundo independentemente da experiência, isto é, sem olhar para ele?". 
II. "há três possíveis respostas ao problema do conhecimento a priori: a) Negar que o conhecimento a priori seja possível; b) Afirmar que o conhecimento a priori é possível; c) Defender que o conhecimento a priori é possível, mas não é substantivo". 
III. "os empiristas radicais negam a existência do conhecimento a priori sustentando que não é possível dado o fato de que todo conhecimento é empírico ou a posteriori. Um representante dessa posição radical é Willard v. O. Quine. Essa posição é minoritária na filosofia contemporânea". 
IV. "os racionalistas sustentam a posição de que o conhecimento a priori é possível e o que o torna possível é uma capacidade especial responsável pela sua aquisição, designada mais comumente como "intuição racional". O problema do racionalismo é justamente a dificuldade em caracterizar essa capacidade especial, tendo sido acusado de misticismo por não oferecer uma caracterização satisfatória da intuição racional". 
V. "os empiristas moderados sustentam que, embora todo conhecimento substancial derive da experiência, o modo como conhecemos as verdades, por exemplo, da lógica e da matemática é diferente do modo como conhecemos as verdades empíricas. Nesse sentido, todas as verdades a priori são analíticas, ou seja, o conhecimento a priori é mero conhecimento linguístico ou conceitual". 
Marque a alternativa CORRETA em relação às afirmações acima. 
a) São falsas apenas as afirmações I e II. 
b) É falsa apenas a afirmação V. 
c) São verdadeiras apenas as afirmações III e IV. 
d) Todas as afirmações são falsas. 
e) Todas as afirmações são verdadeiras. 

42. No que concerne à teoria dos atos de fala, de J. L. Austin, marque a alternativa FALSA. 
a) "No âmbito da teoria dos atos de fala, Austin dedicou-se ao que ele chamou de uma "metafísica descritiva", tentando capturar nossos conceitos do senso comum, como corpo, pessoa, tempo e espaço, por meio da análise da linguagem. Nesse sentido, contrariou os filósofos do positivismo lógico, que consideravam a metafísica sem sentido, e a situou no interior da pragmática da linguagem". 
b) "Para Austin, a linguagem comum incorpora as distinções práticas relevantes para a vida humana. Em sua obra "Como fazer coisas com palavras" (1962), ele introduziu noções e distinções fundamentais para o desenvolvimento da pragmática". 
c) "Austin, em sua filosofia da linguagem comum (ou ordinária), chamou a atenção para o fato de que fazemos diferentes tipos de coisas quando realizamos um ato de fala, ou seja, de que a linguagem não se presta somente a expressar algo, mas é também uma forma de agir". 
d) "A teoria de Austin estabelece uma distinção entre atos locucionário, ilocucionário e perlocucionário no âmbito dos atos de fala". 
e) "A força ilocuconária de um ato de fala reside na ação que se realiza quando se produzem locuções, por exemplo, quando se faz promessas ou se parabeniza alguém; já a força perlocucionária é o efeito ou resultado que o ato de fala produz, como por exemplo, persuadir ou assustar alguém". 

43. No que tange às relações entre filosofia, ciência e senso comum, marque a alternativa CORRETA, ou seja, que melhor caracteriza essas relações. 
a) "A filosofia, como a ciência, não tem qualquer vínculo com o senso comum, estando em um patamar epistemológico diferenciado como saber racional. Nesse sentido, o senso comum não é um locus do filosofar, este se distancia infinitamente daquele". 
b) "Diferentemente da ciência, a filosofia tem uma pretensão de validade epistêmica que se situa no âmbito do valor apenas, ou seja, a filosofia historicamente não tem a pretensão de descrever como o mundo é, mas apenas pensar sobre o seu valor como tal. Nesse sentido, a filosofia se situa no âmbito do senso comum, constituindo-se como uma de suas formas privilegiadas". 
c) "Embora diferenciadas em seus limites e pretensões epistêmicas, a filosofia, a ciência e o senso comum estão articulados, e entrelaçam-se como formas históricas de compreensão do mundo. O senso comum se alimenta também da filosofia e da ciência; assim como a ciência e a filosofia tomam problemas que emergem no senso comum como objetos de sua investigação". 
d) "A ciência se caracteriza por um modelo metodológico de investigação que exclui integralmente a dimensão filosófica de suas pretensões epistêmicas. A ciência, pela sua objetividade empírica, é completamente desprovida de conteúdos filosóficos válidos em seus procedimentos, não tendo qualquer relação com a filosofia". 
e) "O senso comum é a esfera da cultura humana permeada pelos preconceitos e pela ausência de qualquer atitude reflexiva ou racional. O senso comum é a esfera da ignorância, do irracional e do conservadorismo, colocando-se como obstáculo às atividades científica e filosófica". 

44. A filosofia da linguagem de Wittgenstein, a partir de sua obra Investigações Filosóficas, inaugura uma nova forma de compreender a linguagem e seus usos. Sobre essa nova perspectiva filosófica em Wittgenstein, marque a alternativa FALSA. 
a) "Nas Investigações Filosóficas, Wittgenstein considera um erro na filosofia da linguagem que o precedera assumir que todas as palavras funcionam com base no modelo dos nomes próprios, estando no lugar de um objeto. Diferentes palavras desempenham funções diferentes na linguagem." 
b) "A preocupação central de Wittgenstein nas Investigações Filosóficas é a investigação sobre as "condições de possibilidade da linguagem", afirmando a tese central de que a essência de qualquer linguagem é sua capacidade representacional. Isso só é possível na medida em que linguagem e mundo são logicamente isomórficos". 
c) "A tese central de Wittgenstein nas Investigações Filosóficas é que aquilo que constitui o significado de uma expressão consiste no seu uso, e na relação entre o uso de uma expressão e as atividades não linguísticas que o circundam. Daí porque a ideia de que o significado é uso". 
d) "Nas Investigações Filosóficas, Wittgenstein critica a tendência mentalista da filosofia da linguagem que o precedeu, isto é, por ver o uso de uma expressão como manifestação da compreensão prévia do termo por meio da associação deste com alguma representação mental. Para isso, Wittgenstein desenvolve o argumento contra a linguagem privada, de modo a estabelecer que o significado de uma expressão é constituído pelo seu uso". 
e) "Nas Investigações Filosóficas, Wittgenstein concebe o uso da linguagem como uma prática autossuficiente governada por regras, como se fosse um jogo, ou seja, como um padrão de atividades e práticas associado a uma família específica de expressões linguísticas. Nesse sentido, uma palavra não tem condições necessárias e suficientes de sua aplicação, pois o seu significado está dependente das diferentes atividades em diferentes situações às quais se aplica. O que unifica os diferentes usos de uma palavra é uma coleção de semelhanças de família". 

45. No âmbito do teísmo, a questão da existência de Deus sempre esteve filosoficamente associada ao problema do mal. Nesse contexto filosófico, podemos afirmar: 
I. "uma questão filosófica associada ao problema do mal é a própria definição de mal. Tradicionalmente o mal tem sido entendido de três modos: mal moral, mal natural e mal metafísico. O mal moral é aquele resultante da ação intencional de sujeitos morais conscientes infringida a outra pessoa, tais como estupros, assassinatos, mentira, não cumprimento de promessas, danos, maltrato, dentre outros. O mal natural se refere a todo tipo de dor e sofrimento causado por eventos não provocados por seres humanos, tais como terremotos, maremotos, incêndios, dentre outros. E o mal metafísico é aquele entendido como constitutivo da essência dos entes finitos, ou seja, o próprio fato de ser limitado e imperfeito. Justamente essa existência do mal no mundo é usada como argumento para mostrar a impossibilidade lógica da existência de Deus". 
II. "o problema de reconciliar a imperfeição do mundo, ou seja, a existência do mal, com a bondade de Deus é um problema que tem duas formas: uma que é puramente lógica, quando se pergunta se é consistente afirmar que um criador onipotente, onisciente e perfeito possa ter feito um mundo onde a dor e o mal constituem uma parte proeminente da vida e, talvez, da vida depois da morte; a outra, se pergunta se é razoável ver a própria criação imperfeita como um indício da capacidade divina, isto é, perfeita, de criar". 
III. "a formulação do problema do mal em conexão com a existência de Deus tem uma resposta teísta possível na tentativa de questionar o próprio conceito de mal: se for possível mostrar que o mal não é real, mas apenas um modo imperfeito de entender ou falar das coisas, então o problema do mal fica resolvido por dissolução, por falta de objeto. Se aquilo que é reputado como mal for, na verdade, parte de um processo que vem a ser bem como um todo, então pode haver mal no mundo sem que a existência de Deus seja incompatível com isso". 
IV. "o mal moral é classicamente compabitilizado com a existência de Deus por meio da defesa do livre-arbítrio, apresentada no Séc. IV por Agostinho. Assim, a existência do mal moral não é decorrente do desconhecimento ou da desconsideração de Deus em relação ao sofrimento e dor humanos, nem de sua falta de poder para impedir a imoralidade, mas do fato de Deus ter escolhido dar aos humanos a liberdade para agir". 
V. "diante da possibilidade de mostrar a consistência entre a admissão do mal e a afirmação da existência de Deus, o problema do mal adquiriu mais recentemente uma forma indutiva. Com isso, a negação da existência de Deus não se baseia na contradição entre o mal e Deus, mas na diminuição da probabilidade da hipótese de que Deus existe em vista da ocorrência do mal no mundo. Mesmo que seja logicamente possível a existência de Deus diante do problema do mal, para os ateístas esse problema torna o teísmo tão improvável que a melhor opção racional é a negação da existência de Deus". 
Marque a alternativa CORRETA em relação às afirmações acima no tocante a uma caracterização dos termos do problema do mal e sua conexão com a existência de Deus. 
a) São falsas apenas as afirmações I, II e V. 
b) É falsa apenas a afirmação III. 
c) São verdadeiras apenas as afirmações III e IV. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) Todas as afirmações são falsas. 

46. Sobre as relações entre filosofia e feminismo, podemos afirmar: 
I. "a filosofia historicamente sempre teve uma relação aprofundada com a problemática feminina, a despeito de a história da filosofia ser em geral compreendida como uma história dos grandes homens de ideias. Os filósofos escreveram bastante sobre a questão da mulher de forma positiva, no mais das vezes realizando a crítica da desvalorização historicamente feita sobre elas na vida social. Assim, não há uma tensão entre o projeto de criar estruturas em que as mulheres podem falar e pensar como mulheres e a tradição da pesquisa filosófica". 
II. "na maioria dos cursos regulares de filosofia, questões concernentes à filosofia e gênero continuam praticamente invisíveis. Embora o estudo da filosofia sempre tenha parecido ser algo para o qual o gênero sexual era irrelevante, grande parte da filosofia na verdade historicamente assumiu e se dirigiu para um sujeito masculino. A filosofia normalmente aceitou a exclusão das mulheres como cidadãs, sujeitos racionais ou como agentes morais; e essa história de sexismo e misoginia foi em grande parte ocultada pela corrente principal da filosofia acadêmica". 
III. "mais do que todas as outras disciplinas, talvez a filosofia seja a que historicamente mais apreciou pensar em si mesma como fundada na razão; mas uma razão que se supôs universal e objetiva, por meio de um sujeito filosófico que não possui classe, sexo, raça, localização histórica e social, nem mesmo, talvez, em algumas teorias filosóficas, corpo. Daí porque não fazer sentido estabelecer essa conexão entre uma perspectiva feminina ou masculina em filosofia, sendo irrelevante esse dado sociológico para questões sobre a verdade ou adequação das teorias filosóficas". 
IV. "uma premissa crucial da produção filosófica feminista é que as questões sobre a posição social e histórica dos filósofos são intrínsecas à compreensão da disciplina, não podem ser descartadas como exteriores ou irrelevantes. É preciso reconhecer que as teorias filosóficas surgem das preocupações de grupos sociais particulares em períodos particulares da história e se dirigem a elas. Essa visão não deve ser equiparada a tipos grosseiros de reducionismo, mas significa que, para compreender as teorias filosóficas, será necessário compreender algo dos interesses e preocupações sociais que as fizeram surgir, bem como as relações de poder pelas quais elas podem ter sido moldadas". 
V. "existe uma crescente necessidade de trazer as diferentes perspectivas das mulheres para a filosofia, e de continuar a enfrentar questões sobre sua invisibilidade e marginalização. Mas a pesquisa feminista também enfrenta questões de interesse e pertinência humanos gerais; não é uma ortodoxia comprometida com um conjunto estreito ou míope de pré-concepções sobre o que se deveria ver como sendo questões de mulheres". 
Marque a alternativa CORRETA em relação às afirmações acima no tocante a uma caracterização adequada da perspectiva feminista no âmbito filosófico. 
a) Todas as afirmações são falsas. 
b) São falsas apenas as afirmações I, II e III. 
c) São falsas apenas as afirmações II, IV e V. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações II, IV e V. 

47. A fenomenologia husserliana instala uma perspectiva epistemológica inovadora no Séc. XX. Sobre ela podemos considerar: 
I. "filosofia da percepção que desenvolve a ideia de que os objetos são as possibilidades permanentes da percepção. Habitar um mundo de objetos externos e independentes é, segundo a fenomenologia, ser o sujeito de experiências bem organizadas, tanto reais como possíveis". 
II. "segundo a fenomenologia, os fenômenos são os objetos e os acontecimentos da forma como aparecem à nossa experiência, opondo-se aos objetos e aos acontecimentos tal como são em si. Sua tese central é de que os primeiros são moldados pela natureza de nossas faculdades cognitivas: por exemplo, somos nós a causa que faz com que as coisas surjam no espaço e no tempo, causalmente conectadas". 
III. ""salvar os fenômenos" é o lema da fenomenologia, pensada como uma forma de fazer justiça aos aspectos fenomênicos do assunto em causa. Em geral, os aspectos fenomênicos das coisas são os aspectos que se mostram a si mesmos, não os aspectos teóricos que são inferidos ou postulados para explicá-los". 
IV. "a fenomenologia é a investigação histórica da evolução da autoconsciência, que se desenvolve a partir da experiência sensorial elementar, até alcançar processos de pensamento inteiramente racionais e livres, capazes de engendrar conhecimento". 
V. "a fenomenologia de Husserl busca metodicamente realizar uma epochê, isto é, uma descrição da consciência e da experiência, abstraindo de considerações sobre o seu conteúdo intencional". 
Marque a alternativa CORRETA em relação às afirmações acima no tocante a uma caracterização adequada da perspectiva da fenomenologia husserliana. 
a) São falsas apenas as afirmações I, II e III. 
b) São falsas apenas as afirmações II, IV e V. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações II, IV e V. 

48. Sobre o pragmatismo como tradição filosófica norte-americana, marque a alternativa FALSA concernente a uma formulação adequada de aspectos constitutivos da sua perspectiva epistemológica. 
a) "Doutrina filosófica segundo a qual o significado de uma palavra ou o valor de uma ação se reduz ao resultado ou às consequências por elas promovidas; é uma forma de consequencialismo moral, não importando qualquer papel para a teoria". 
b) "O conhecimento não se dá de modo isolado da prática, mas é ele próprio um tipo de prática a ser considerada, como outras práticas, pelo sucesso no fim que se propõe, mais do que por algum suposto padrão de precisão da reflexão sobre seus objetos". 
c) "A crença humana está em continuidade com a expectativa animal, a investigação humana em continuidade com as explorações que os animais fazem de seu ambiente. Assim, a crença é um hábito de ação, uma disposição de comportamento, e a dúvida é o estado incerto que se segue à interrupção de um hábito-crença pela recalcitrância por parte da experiência". 
d) "A diferença entre crenças verdadeiras e falsas é que as verdadeiras são verificáveis, conduzem-nos de maneira bem-sucedida. O verdadeiro é o satisfatório, o útil, o eficaz no caminho da crença. As crenças verdadeiras funcionam". 
e) "O objeto do conhecimento não é uma realidade imutável, independente, mas é modificado, e em parte, constituído por nossas interações cognitivas com ele; pois a investigação transforma uma situação problemática, indeterminada, em uma determinada". 

49. Sobre a ética ambiental, como perspectiva filosófica recente no campo da filosofia moral, podemos afirmar: 
I. "a ética ambiental se caracteriza como investigação sobre o valor que o meio-ambiente possui para a manutenção da vida humana; nesse sentido, sua perspectiva visa, em última instância, a garantia da sobrevivência humana no âmbito do planeta terra. Seu pressuposto central é que só os humanos são agentes valorosos em um mundo livre de valores". 
II. "a natureza equipou os seres humanos com uma consciência. Entretanto, essa consciência exclui de consideração, como na ética clássica do Iluminismo, a comunidade global da vida, com o paradoxo resultante de que a espécie moral autoconsciente age somente em seu auto interesse coletivo em relação ao restante. A ética ambiental sustenta que nós, humanos, não somos tão esclarecidos quanto supomos, não até que alcancemos uma ética mais respeitosa. É preciso ampliarmos essa consideração". 
III. "a ética contemporânea tem se preocupado em ser abrangente: pobres e ricos, mulheres e homens, gerações futuras e do presente. A ética ambiental é ainda mais abrangente. Baleias assassinadas, lobos extintos, corujas e seus habitats destruídos, corte de antigas florestas, a Terra ameaçada pelo aquecimento global - estas são questões éticas intrinsecamente ligadas a valores destruídos na natureza, assim como instrumentalmente ligados a recursos humanos postos em risco. Os humanos precisam incluir a natureza em sua ética; precisam incluir-se na natureza". 
IV. "a ética ambiental se preocupa com o que importa para os seres humanos aqui - benefícios, custos e sua justa distribuição, riscos, níveis de poluição, direitos e erros judiciais, sustentabilidade e qualidade, os interesses das futuras gerações". 
V. "os humanos não têm deveres em relação a pedras e rios, nem em relação a floras ou ecossistemas, e quase nenhum em relação a pássaros ou ursos. Os humanos têm sérios deveres em relação a outros humanos. O meio ambiente é o tipo errado de alvo para uma ética. A natureza é um meio, não um fim em si mesmo". 
Marque a alternativa CORRETA em relação a uma caracterização adequada da perspectiva da ética ambiental na filosofia contemporânea. 
a) São falsas apenas as afirmações I, II e III. 
b) São falsas apenas as afirmações IV e V. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações II e III. 

50. Sobre a ética kantiana, uma das principais éticas normativas da filosofia ocidental, marque a alternativa 
CORRETA. 
a) "Segundo Kant, uma máxima de ação é um princípio objetivo do agir, cuja validade é confirmada quando assume a forma de um imperativo categórico". 
b) "O objetivo de Kant é identificar e defender o princípio moral ou lei mais fundamental que determine diretamente o valor ético por trás dos atos da vontade e, consequentemente, determine indiretamente todos os outros valores morais sem exceção. Ele chama esse princípio supremo de imperativo categórico". 
c) "Para Kant, como todos os animais, os seres humanos são regidos em grande medida por seus desejos: boa parte de nosso comportamento é inteligível somente quando é visto como dirigido a fins determinados por nossos anseios, paixões, apetites, desejos, etc. Daí porque a razão é e deva estar a serviço das paixões, ou seja, o papel da razão prática é o de nos prover meios racionais, eficientes para alcançar as coisas que queremos". 
d) "Segundo Kant, uma máxima é uma regra ou princípio geral que uma pessoa usa como guia para a ação, cujo valor moral reside no objetivo a ser alcançado, no dever categórico de realizá-lo". 
e) "Por ser uma ética normativa, a ética kantiana assume o pressuposto de que a razão prática provê o acesso ao conhecimento de uma realidade suprassensível, não empírica, que forneça o fundamento para o agir moral - ao contrário da razão pura teórica. Para Kant, a razão em seu uso prático expõe a nós a verdade da lei moral, comprovando empiricamente sua validade objetiva". 

51. Sobre a caracterização da ética normativa, da metaética e da ética aplicada, marque a alternativa FALSA. 
a) "A ética normativa é uma aplicação da metaética, isto é, dos fundamentos do agir moral, ao âmbito da ação em geral dos seres humanos. Já a ética aplicada é o domínio da aplicação da ética normativa em esferas específicas de algumas profissões." 
b) "A metaética distingue-se da ética normativa por ser uma reflexão de segundo grau sobre a própria significação e validade da ética normativa". 
c) "A ética aplicada é a disciplina que aplica a ética a problemas práticos reais, tais como o aborto, a eutanásia, o tratamento dos animais ou outros problemas legais, políticos, sociais e do meio ambiente". 
d) "A ética normativa é o estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático, tais como o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha". 
e) "A metaética é o estudo de segunda ordem das características objetivas, subjetivas, relativas ou céticas que as afirmações da ética normativa ou da ética aplicada podem apresentar". 

52. A epistemologia ou teoria do conhecimento, juntamente com a metafísica e a ética, é uma das disciplinas centrais da filosofia. Sobre ela e seus problemas, marque a alternativa FALSA. 
a) "A epistemologia dedica-se ao estudo da natureza do conhecimento, dos seus requisitos, origens e limites. No debate sobre o modo como adquirimos o conhecimento, há na história da epistemologia duas escolas principais de pensamento: a racionalista e a empirista". 
b) "Algumas questões centrais em epistemologia são: o que é o conhecimento? Quais as suas fontes? Em que medida uma crença está justificada? É possível o conhecimento? Podemos nos defender dos céticos?". 
c) "Na epistemologia, a definição padrão de conhecimento afirma que o conhecimento é uma crença verdadeira justificada. Essa definição tem historicamente se mantido fora de questionamento entre os epistemólogos pela sua consistência". 
d) "Segundo a epistemologia, existem pelo menos três tipos de conhecimento: a) conhecimento proposicional, aquele que se tem quando se sabe o que é o caso; b) saber fazer, que se tem quando se sabe fazer algo; c) conhecimento por contato, que se tem quando conhece uma pessoa ou um local, ou seja, aquilo que é conhecido não é nem uma proposição e nem uma atividade, mas um objeto. Mas apesar da importância do conhecimento por contato e do saber fazer, a epistemologia tem focado sua atenção no conhecimento proposicional". 
e) "Na epistemologia há também outros debates concernentes, entre outras coisas, à memória, ao juízo, à introspecção, ao raciocínio, à distinção entre a priori e a posteriori, ao método científico e às diferenças metodológicas entre as ciências naturais e as ciências sociais". 

53. Os principais tipos de teorias metaéticas podem ser definidos a partir da consideração das seguintes teses: 
1) Existem fatos e propriedade morais objetivos. 
2) Os juízos morais exprimem crenças. 
Com base nisso, marque a alternativa FALSA no tocante à adequada caracterização desses tipos de teorias metaéticas. 
a) O realismo moral aceita ambas a teses (1 e 2). 
b) A teoria do erro afirma a tese 2 e rejeita a tese 1. 
c) A teoria do erro partilha com o realismo moral uma posição cognitivista, na medida em que ambos aceitam a tese 2. 
d) O expressivismo de normas defende as teses 1 e 2. 
e) Teorias não-cognitivistas, por exemplo, o emotivismo, recusam as teses 1 e 2. 

54. A ética animal é uma tendência recente na teorização moral contemporânea. Sobre suas características, podemos afirmar: 
I. "a ética animal tematiza a vida animal como um valor intrínseco, que merece ser respeitada no mesmo nível que a vida humana". 
II. "a perspectiva da ética animal implica que a ética deixe de ser só para pessoas, mas também se estenda para uma recepção de valores e formadores de valores não humanos, tal como a vida selvagem espontânea". 
III. "os animais são capazes de valores, capazes de valorizar coisas em seu mundo, suas próprias vidas intrinsecamente e seus recursos de maneira instrumental. Assim, pode e deve haver uma ética do bem-estar animal; ou, como alguns preferem dizer, uma ética dos direitos dos animais". 
IV. "na perspectiva da ética animal, o valor existe somente quando um sujeito possui um objeto de interesse, só que agora reconhecendo que os prazeres e as dores de sujeitos não humanos devem ser levados em conta". 
V. "o princípio da universalizabilidade exige que um eticista reconheça valores correspondentes em pessoas afins. Um aumento da sensibilidade ética, ou virtude, tem com frequência ampliado o círculo de próximos a fim de incluir outras raças e culturas. Mas esses círculos ampliados não se restringem a uma reciprocidade entre agentes morais. Uma ética comunitarista encontra círculos concêntricos cada vez maiores em torno do self moral: família, comunidade local, nação, humanidade e - em um círculo que está nas redondezas porém mais distante - animais". 
Marque a alternativa CORRETA em relação a uma caracterização adequada da perspectiva da problemática da ética animal. 
a) São falsas apenas as afirmações I, II e III. 
b) São falsas apenas as afirmações IV e V. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações II e III. 

55. A teoria da ação comunicativa de Habermas representou a consolidação de uma virada linguística tanto na ética como na filosofia da linguagem. Sobre essa teoria habermasiana no âmbito da linguagem, marque a alternativa FALSA. 
a) "A teoria habermasiana opera na perspectiva de uma semântica formal que busca afirmar o significado das sentenças no âmbito da linguagem comum, daí sua perspectiva ser chamada de "comunicativa"". 
b) "A teoria habermasiana afirma a linguagem fundamentalmente como um processo de comunicação entre pessoas, entre dois usuários competentes, não se reduz a um código para enviar mensagens". 
c) "Para Habermas, a comunicação linguística não é a exteriorização de duas consciências subjetivas, mas nela há uma intersubjetividade e um tipo diferente de racionalidade, a racionalidade comunicativa". 
d) "Habermas distingue dois tipos de ação linguística: a estratégica, que visa obter sucesso, resultados; e a comunicativa, que visa o entendimento e se dá pela compreensão de um ato de fala e pela argumentação". 
e) "Segundo Habermas, na argumentação discursiva há três dimensões: a da verdade das proposições no discurso teórico; a retidão das normas morais no discurso prático; a inteligibilidade das expressões simbólicas no discurso explicativo". 

56. A dialética em Marx assume uma configuração diferenciada das perspectivas platônica e hegeliana. Sobre essa perspectiva marxiana da dialética, marque a alternativa FALSA. 
a) "O materialismo dialético em Marx deve ser diferenciado do materialismo histórico, pois este último é uma concepção da história, buscando a causa última e a força que move todos os acontecimentos históricos importantes no desenvolvimento econômico da sociedade, nas mudanças dos modos de produção e de troca, na consequente divisão da sociedade em classes sociais distintas e antagônicas". 
b) "A dialética marxiana está, por princípio, ancorada em uma visão fatalista do processo de superação das contradições do real. Sua aplicação à realidade da história opera com uma concepção desta como portadora de um curso determinado e inevitável, com isso, quaisquer movimentos ou objetivos distintos desse curso estão previamente destinados ao fracasso". 
c) "O método dialético preconiza que só se conhece um objeto situando-o na totalidade do movimento histórico e de suas contradições, no conjunto das atividades humanas e naturais em que está inserido. Não há uma essência prévia pronta e acabada do mundo e do ser". 
d) "O real concreto é fruto de múltiplas determinações, a verdade resulta das relações materiais, concretas, ou seja, das relações históricas entre classes sociais com suas relações materiais de produção. E isto representa o todo, a totalidade da sociedade. Para conhecer um objeto é preciso conhecer essa gênese histórica e real". 
e) "As leis da dialética mostram que a mudança se dá pela superação da contradição entre tese e antítese por meio da síntese; por sua vez, a síntese se torna uma tese e é contradita, com o processo se repetindo continuamente. Mas Marx adverte que essa dinâmica dialética do mundo, seja humano ou natural, não pode ser pensada abstratamente, mas no interior das forças materiais dos processos sociais de produção da vida humana". 

57. A Escola de Frankfurt produziu uma importante análise da experiência histórica do capitalismo avançado das sociedades ocidentais, especialmente da indústria cultural. Sobre isso, podemos considerar: 
I. "a análise da indústria cultural pelos frankfurtianos tem como fundo filosófico a teoria crítica da sociedade, cuja perspectiva era encorajar uma teoria da sociedade existente como um todo, mas com o propósito crítico, isto é, de fazer emergir a contradição fundamental da sociedade capitalista e, com isso, promover sua transformação racional que leve em conta o homem, sua liberdade, criatividade e desenvolvimento harmonioso em colaboração aberta e fecunda com os outros, ao invés de um sistema opressor e sua perpetuação". 
II. "para alcançar a funcionalidade, o "sistema", que é a sociedade tecnológica contemporânea, entre os seus principais instrumentos, pôs em funcionamento uma poderosa máquina: a indústria cultural, constituída essencialmente pelos mass-media (cinema, televisão, rádio, discos, publicidade, retrogravura etc.). É com a mídia que o poder impõe valores e modelos de comportamento, cria necessidades e estabelece a linguagem". 
III. "a indústria cultural realizou perfidamente o homem como ser genérico. Cada qual é cada vez mais somente aquilo pelo qual pode substituir qualquer outro: ser consumível, apenas exemplar". 
IV. "segundo os frankfurtianos, a indústria cultural realizou exemplarmente o ideal liberador de racionalização do Iluminismo, fazendo com que o homem pudesse sair de sua minoridade. A sociedade de massa requereu um 
modelo de racionalidade administrativa que pudesse permitir até mesmo a esfera cultural abandonar seu caráter irracional, dando lugar a uma organização racional da recreação e da criatividade". 
V. "a necessidade humana de dominar a natureza, de compreender suas leis para submetê-la, exigiu a instauração de uma organização burocrática e impessoal, que, em nome do triunfo da razão sobre a natureza, liberou o homem da subordinação às forças naturais, fazendo com que ele deixasse de ser um mero instrumento ou uma peça a mais no mecanismo da dinâmica natural. Hoje, o progresso tecnológico põe à disposição de todos objetos e bens culturais que antes só existiam nos sonhos dos utopistas". 
Marque a alternativa CORRETA em relação a uma caracterização adequada da perspectiva dos frankfurtianos diante da indústria cultural e da sociedade de massas. 
a) São falsas apenas as afirmações I, II e III. 
b) São falsas apenas as afirmações I, IV e V. 
c) Todas as afirmações são falsas. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações I, II e III. 

58. O neopositivismo é uma corrente filosófica que nasceu nos anos 30 do Séc. XX e se firmou no cenário intelectual de forma muito influente na discussão sobre a ciência. Sobre o neopositivismo e sua concepção de ciência, podemos considerar como FALSA: 
a) "a atitude antimetafísica é uma constante da filosofia neopositivista. Para eles, de modo geral, a metafísica é desprovida de sentido e surge quando se aceita como significantes termos que não tem uma referência na experiência e, com tais termos ("absoluto", "coisa em si", "incondicionado" etc.) se constroem sentenças que pretendem nos falar da realidade, mas que não o podem". 
b) "as linhas fundamentais do programa neopositivista eram: 1) a formação de uma ciência unificada, abrangendo todos os conhecimentos fornecidos pela física, as ciências naturais, a psicologia, etc.; 2) o uso do método lógico de análise elaborado por Peano, Fregue, Whitehead e Russell para produzir essa unidade; 3) a aplicação desse método nas ciências empíricas proporcionaria a eliminação da metafísica e uma clarificação dos conceitos e teorias da ciência empírica, bem como dos fundamentos da matemática". 
c) "os neopositivistas do Círculo de Viena construíram um movimento filosófico que eles mesmos intitularam, em seu manifesto de 1929, de uma "concepção não metafísica do mundo"".
d) "uma tese central dos neopositivistas é que a matemática e a lógica constituem somente conjuntos de tautologias, convencionalmente estipuladas e incapazes de dizer algo sobre o mundo". 
e) "o trabalho do filósofo, para os neopositivistas, é o da análise semântica (relação entre linguagem e realidade à qual a linguagem se refere) e da sintática (relações dos signos de uma linguagem entre si) do único discurso significante: o discurso científico; com isso, a filosofia deixa de ser doutrina e é concebida como atividade, a atividade clarificadora da linguagem". 

59. O racionalismo é uma importante corrente da epistemologia ou teoria do conhecimento, que tem raízes filosóficas perfiladas desde a filosofia grega. Na modernidade ela assumiu um papel preponderante como referência para a compreensão da natureza do conhecimento. Sobre o racionalismo, consideremos o seguinte: 
I. "o racionalismo é a posição filosófica segundo a qual a razão tem precedência sobre outros modos de adquirir conhecimento ou, mais radicalmente, que ela é o único acesso ao conhecimento. O racionalismo é uma perspectiva mais frequente em epistemologia, onde é contrastado com o empirismo, embora possa ser encontrado também em filosofia da religião e na ética". 
II. "o termo "racionalismo" em geral não designa uma única posição filosófica precisa, pois existem diversos modos nos quais a razão pode ter precedência, e diversas explicações do conhecimento a que ele pode ser posto em oposição. Além disso, o próprio termo "razão" não é imediatamente claro, não possui uma unidade semântica". 
III. "os racionalistas concordam com os empiristas na ideia de que as pessoas podem ter conhecimento através da racionalidade - usando a razão. Mas os racionalistas sustentam, ao contrário dos empiristas, que algum conhecimento é puramente racional, ou seja, que algumas posições são sustentáveis a partir de uma base inteiramente intelectual ou raciocinada, sem qualquer elemento observacional". 
IV. "na modernidade, o termo "racionalismo" está associado intimamente às posições de um grupo de filósofos do século XVII: Descartes, Spinoza, Leibniz, e por vezes Malebranche. Todos defendem a visão de que temos um acesso racional e não empírico à verdade sobre o modo como o mundo é, e todos privilegiam a razão em relação ao conhecimento derivado dos sentidos. Tais filósofos são também atraídos pela matemática como um modelo para o conhecimento em geral". 
V. "Descartes assumiu tirar sua inspiração da matemática, mas não a matemática como comumente entendida, e sim a análise dos antigos. Malebranche seguiu Descartes nesse mesmo sentido, embora pusesse o pecado original como causa de nossa confiança nos sentidos. O modelo de Spinoza para o conhecimento é a geometria euclidiana, tal como expresso na forma geométrica de sua Ética. E Leibniz, em sua juventude, acreditava que seria possível calcular o valor de verdade de toda sentença construindo uma linguagem lógica cuja estrutura retrata a estrutura das relações entre conceitos no mundo". 
Marque a alternativa CORRETA em relação a uma caracterização pertinente à perspectiva do racionalismo em epistemologia. 
a) Todas as afirmações são falsas. 
b) Todas as afirmações são verdadeiras. 
c) São falsas apenas as afirmações II e III. 
d) São falsas apenas as afirmações III, IV e V. 
e) São verdadeiras apenas as afirmações II, IV e V. 

60. Sobre o construtivismo social, recente corrente da teoria do conhecimento, podemos afirmar que 
I. "a visão tradicional do conhecimento científico o concebe como produto de uma atividade de investigação que só aceita dois tipos de veredicto: o da lógica e o da experiência. O construtivismo social representa uma aberta e radical oposição a essa visão, e questiona o pressuposto de que a ciência possui uma racionalidade intrínseca para atribuir?lhe o estatuto de uma construção social como qualquer outra". 
II. "o sociologismo e o historicismo característicos do construtivismo social, que é uma variante da filosofia pós?moderna, disseminam a ideia de que são as relações de poder e os interesses políticos que determinam a aceitação ou a rejeição de teorias científicas". 
III. "o construtivismo social é realista e defende o sujeito epistêmico como a fonte de todas as representações da realidade. Mas o realismo ontológico não define o construtivismo, pois é comum a praticamente todas as doutrinas sobre o conhecimento. O que define o construtivismo social é a tese original de Kant de que é o objeto que se adapta à mente do sujeito, e não o contrário. Num sentido mais geral e de segunda ordem, é a tese epistemológica de que construímos hipóteses sobre o funcionamento da realidade e as testamos através das predições de como vão se suceder nossas sensações". 
IV. "o construtivismo social é uma abordagem da sociologia que se resume essencialmente a um conjunto de pressupostos filosóficos e diretrizes políticas a serem aplicadas à disciplina da sociologia do conhecimento. Seu ancestral sociológico é Karl Mannheim, pioneiro da disciplina que defendia a tese de que a distinção entre conhecimento e crença pessoal é meramente o endosso coletivo dado às crenças do primeiro tipo". 
V. "o construtivismo social surge de um grupo de sociólogos da universidade de Edimburgo, em meados dos anos 70, que liderados por Barry Barnes e David Bloor lançam o programa forte da sociologia da ciência. São marcos fundadores deste programa as obras Scientific Knowledge and Sociological Theory, de 1974, e Knowledge and Social Imagery, de 1976. Entre as principais diferenças do "strong programme" em relação ao trabalho que era efetuado em sociologia do conhecimento antes de seu surgimento está a convicção de que pertencem ao âmbito da própria sociologia as questões epistemológicas relativas à sua própria validade como ciência, além da concentração do foco de estudo no conhecimento científico, em detrimento de todas as outras alegações de conhecimento". 
Marque a alternativa CORRETA em relação a uma caracterização pertinente à perspectiva do construtivismo social. 
a) Somente a afirmação III é falsa. 
b) São falsas somente as afirmações I, II e IV. 
c) Somente a afirmação IV é verdadeira. 
d) Todas as afirmações são verdadeiras. 
e) Todas as afirmações são falsas. 

GABARITO: 
31A 
32C 
33E 
34B 
35D 
36E 
37A 
38C 
39B 
40D 
41E 
42A 
43C 
44B 
45D 
46E 
47C 
48A 
49E 
50B 
51A 
52C 
53D 
54D 
55A 
56B 
57E 
58C 
59B 
60A

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Só os Deuses são perfeitos!
"Acredito sinceramente que somos o que pensamos, o que estudamos e o que nos propusemos a ser."